segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Eu tenho dois empregos...

...que em nada são iguais. Um é fora de casa, trabalha-se o que se tem a trabalhar e pagam aquilo que têm a pagar. O tipo de relação que eu gosto. Não há cá cláusulas escondidas. Depois há o outro emprego. Aquele que começa quando chego a casa. Trabalha-se sempre muito mais daquilo que se está à espera e ninguém paga nada a ninguém. Cláusulas escondidas são mais que muitas e decididamente não é o tipo de relação laboral que eu gosto. Mais incrível ainda é que me candidatei a este "segundo emprego" de livre e espontânea vontade. Durante a fase de "entrevistas" era só facilidades e o periodo de "formação" até foi bastante...dinâmico. Mas agora, desde mudar fraldas, dar colinho, substituir a progenitora nas mais diversas tarefas domésticas (buááááááááá!!!!) porque esta se encontra em dedicação exclusiva à birra das 7 da noite, sei lá! São tantas que eu nem as conto. Felizmente que tenho o fim-de-semana para descansar...Ou então não! Pois...durante o fim-de-semana a Pequena Imperatriz também requer dedicação total. E em vez de descansinho sai-me um turno duplo!!! Nestes últimos dias a pergunta que mais tem saído da minha boca é: "Quando é que me deixam tirar férias???" Resposta: "Hummm. Talvez lá para 2030?" (Estou a acabar de escrever isto com a Pequena Imperatriz ao colo. E acho que ela percebeu tudinho do que eu estive para aqui a escrevinhar. É que acabou de deixar caír a chupeta e pôs-se a olhar para mim com aqueles olhos enoooormes que mais parecem duas azeitonas luzidias. E agora riu-se... Mas quem é que tem argumentos para contrariar isto???)

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

A saga continua...

Decididamente a Pequena Imperatriz é uma guerreira nata. Já lá vai um mês e ainda não deu tréguas aos pais. As derrotas nas várias batalhas sucedem-se e sinto que o meu lado da barricada está a começar a desmoralizar. As tácticas de guerrilha da Pequena Imperatriz começaram a fazer mossa. Nos último dias, dois feridos em combate. Aliás a tarde de sábado foi passada nas urgências do hospital: de um lado o pai com uma entorse relativamente grave, do outro a mãe com uma mastite. A Pequena Imperatriz, essa ficou refastelada a dormir no sofá de casa da avó. No entanto, há a registar uma pequena vitória: as noites estão um pouco mais calmas. Já é possível dormir até 4 horas consecutivas sem grandes sobressaltos. Ainda assim temo que estejamos longe de nos poder sentar à mesa das negociações para conseguirmos o tão ambicionado tratado de paz. Até porque a Pequena Imperatriz continua com os seus ataques...de choro. Apenas pôs de lado a guerrilha nocturna, optando agora por assaltos diúrnos e à vista de toda a gente. Diria que está a ficar mais atrevida e confiante. E mais robusta também, o que lhe permite já neste momento uma emissão de décibeis próxima à de um caça F16 em mach 2. Temos respondido a estes ataques com doses certeiras de Colimil e muito "colinho", mas os resultados obtidos estão ainda longe dos desejados. Pequena Imperatriz, para quando as tréguas?

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

O peso...

Eu sei que não parece, mas o nosso sistema nacional de saúde até está razoávelmente organizado e tem alguma qualidade. Claro que quando comparado com os sistemas de países como a Noruega ou a Dinamarca, ou a Suécia, ou a Suiça, nós achamos que ele, o sistema, é o pior do mundo! Por isso para ficarmos mais felizes e contentes acho que devemos tomar como termo de comparação os sistemas de saúde de países como o Uganda, o Zimbabwe, a Somália ou até mesmo do Vanuato. Que foi o que eu fiz para produzir as afirmações iniciais deste "post".
Feitas estas considerações prévias e depois de sair porta fora da maternidade, a Pequena Imperatriz será acompanhada no centro de saúde mais próximo da sua/minha área de residência. Apesar de estar exiliado na margem sul, a minha área de residência continuará a ser sempre a mesma. Como o Sócrates: vive em Lisboa mas vota sempre na Covilhã. Eu e ele, o Sócrates, somos parecidos em algumas coisas, como por exemplo no facto de nenhum de nós ser Engenheiro, apesar de nos tomarem muitas vezes como tal. Mas isto é só um "aparte". Moving on...
Os centros de saúde são sitios um tanto ou quanto estranhos. São normalmente habitados por pessoas em idades entre o estado fóssil e o carvão vegetal que, tal como acontece nos autocarros, tomam conta de todas as cadeiras disponíveis onde vão dormitando à espera de serem chamados para medir a tensão arterial ou para mostrar as fotografias dos netos a caír de bêbados na queima das fitas ao "Sôr Dotôr".
Semanalmente, a Pequena Imperatriz e por arrasto eu, é "obrigada" a enfrentar este cenário para que possa desfrutar da atenção da Sra. Enfermeira e assim poder ser pesada, medida, auscultada, vacinada e o que mais as companhias farmacêuticas inventaram para sacar mais uns milhões à malta.
Recordo com saudade a primeira ida ao "peso" (parece conversa de restaurante de rodizio à Brasileira, mas é mesmo assim que lhe chamam), em que depois do pesadelo burocrático que foi colocar pai, mãe e a Pequena Imperatriz na ficha do mesmo médico de família, lá conseguimos transpor aquelas portas mágicas e chegar à sala de saúde infantil. Achei que naquele centro de saúde a expressão sala de saúde infantil foi levada demasiado a sério, já que fomos atendidos por uma enfermeira que media para aí 1,20m e estava de botas de cano alto!!!
Mais uma vez o pai foi colocado a um cantinho da sala, para não estorvar, e a Pequena Imperatriz lá deu o seu "show". Ironias à parte, fiquei mesmo chateado por mais uma vez, me terem feito fazer figura de biombo. Se bem que a certa altura a mini-enfermeira lá se terá lembrado de uma qualquer aula de biologia e percebido que...o pai também contribui para esta "cena" da concepção...E lá resolveu dirigir a palavra ao biombo, digo o pai e num esforço louvável de envolvimento arranjou-me uma tarefa: marcar o tempo da amamentação da Pequena Imperatriz. Fiquei em pulgas com a perspectiva de ter essa enorme responsabílidade de estar a olhar para o relógio durante 20 minutos!! Mas que raio de complô é este?
Oh homens de Portugal, seremos assim tão inúteis e desajeitados no que à paternidade diz respeito para sermos tratados como débeis mentais pelo nosso serviço nacional de saúde??
Fica a questão, julgo eu pertinente. Já agora Pequena Imperatriz, gostava de ouvir a tua opinião sobre isto. Mas por favor muda a tua linha de argumentação. Aquela cena do buáááááááá, buáááááá, buáááááá, está-se a tornar um bocadinho repetitiva.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Piccola Fábrica di Merda...

É uma expressão original de Herman José, criada a pensar naquelas pessoas que comem, comem, comem e nunca engordam. No entanto, eu acho que pode encaixar perfeitamente no universo dos recém-nascidos. 8, sim 8, fraldas por dia, sim por dia, é a média de consumo que os livros dizem ser o normal para bebés recém-nascidos. A Pequena Imperatriz está perfeitamente dentro da média. Em termos financeiros, custando um pacote de 27 fraldas à volta de 7€...bom, é fazer contas. Claro que nesta contabilidade não entra a mão-de-obra. E não tem que entrar porque essa é abaixo de gratuita, é escrava!! Aprendi a mudar fraldas às minhas custas. Observei, assimilei e tive que observar mais umas quantas vezes porque decididamente a tarefa é um pouco mais espinhosa daquilo que eu pensava. Isto porque os bebés em geral e a Pequena Imperatriz em particular, têm o vício de quando se apanham de perninhas ao léu de começarem a pedalar como se estivessem no final de uma etapa ao "sprint" da volta à França! O que é que acontece?? Nervos!! Tentamos a todo o custo segurar nas pernas do bebé, ao mesmo tempo que pegamos nos toalhetes (abençoados toalhetes) dodot para começar a "limpeza". Eis senão quando a Pequena Imperatriz resolve tornar as coisas ainda mais excitantes: ora cá vai um xixi...Parece ser outro dos desportos favoritos a fazer quando se está "au natural". É preciso não esquecer que a m*$%&da continua lá e é preciso não deixar que a fralda usada suba e suje a roupa da bebé...Mas eu só tenho duas mãos!!!!!!! Ok...de volta às trincheiras. A fralda limpa já tem que estar ali ao lado, prontinha, com os autocolantes abertos e tal que é para não haver perdas de tempo desnecessárias. Pronto, vamos pôr a fralda limpa! Mas que rio é este que está a escorrer no muda fraldas? Fez xixi outra vez... AAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH HHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Calma, calma. Toalhetes dodot e tudo se resolve...Pronto, fralda limpa no sitio. É só apertar os autocolantes e...já está! Ufa. Magnífico! Falta apertar o "babygrow" e....Espera...mas não puseste creme? Creme? Qual creme? Para as assaduras...Oi? Mas tenho que desapertar isto tudo outra vez? Pronto está bem, eu ponho o creme. Mas daqui a três ou quatro horas não tem que mudar a fralda outra vez? E não posso por o creme dessa vez? Tem que ser agora? Pois...porque senão assa...Xeque-Mate.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

O Celibato...

Ora aqui está um post que não é preciso desenvolver muito para se fazer passar a mensagem. Basta ler o título e...desesperar. Nem que seja por solidariedade.
Dizem que os homens fazem sexo e as mulheres, amor. Pois nem uma coisa nem outra! Por razões médico-logistíco-operacionais (todas juntas dão, sei lá...muito tempo), como diria o Mário Mata, "...não há nada pra ninguém..."
Pequena Imperatriz, um dia, daqui a 45 anos, PELO MENOS!!!, irás compreender esta amargura que invade o pai...
Uma frase grandiosa para terminar: "Um pequeno sacrifício, a bem da humanidade..." Disse!

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Loucas são as noites...

...que passo sem dormir. Eu sei que fui avisado. Nem queiram saber quantas vezes ouvi a frase e sempre saída da boca de pais de família: "Agora é que vão ser noites sem dormir...Agora é que são elas..." Encarei sempre estas "ameaças" com desportivismo e fui-me convencendo que não haveria de ser assim tão mau. Sou um homem batido. Habituado à violência das semanas da Queima das Fitas, Latadas e afins, das maratonas de estudo até às "quinhentas", enfim como poderia ser assim tão mau? Estaria ali juntinho da Pequena Imperatriz. O simples carinho e calor do pai seriam mais do que suficientes para a acalmar. Mas como estava enganado...
Como uma profecia apocalíptica que se concretiza, mal a Pequena Imperatriz se instalou no seu palácio, deu início ao seu reinado de terror. Os primeiros 15 dias foram de autêntica "Bltizkrieg", a famosa guerra relâmpago. Invadir, massacrar, conquistar. Apesar de sermos dois contra uma, as nossas forças eram absolutamente rídiculas para fazer face a um "set" de cordas vocais afinadas para o modo desespero. Foi como se tivéssemos passado a viver com uma sirene do INEM permanentemente encostada aos nossos ouvidos, com a condicionante de não podermos usar um martelo de bola para a calar, caso não conseguissemos perceber onde estava o botão ON/OFF.
Depois há a componente emocional. Sem dúvida a mais intensa. Para pais acabados de pintar de fresco, nada é mais desesperante do que não compreender a razão do choro descontrolado de um filho. Será a fralda? Será fome? Serão as temidas cólicas? Será sono ou simplesmente rabujice? Ou será do défice e da crise financeira internacional???
Sinto os meus neurónios a desfazerem-se lentamente. Dá vontade de fugir, acreditem que dá. Mesmo. Sem exagero, uma das maiores provações que já passei na vida, pelo menos até agora. Recorre-se à internet, voltamos a reler os "manuais de instruções" adquiridos durante a gravidez e tentamos racionalizar de alguma maneira a nossa recém adquirida realidade. Mas é tudo em vão. Aero-OM, Colimil, massagens na barriga, tudo não passam de quimeras e ilusões. A única expressão verdadeira que encontrei e que me fez percorrer um calafrio espinha acima foi: "Caros pais, é aguentar! Em princípio depois dos 3 meses passa"... 3 meses??? Em princípio??? O instinto foi procurar pelo talão de compra e pela garantia para tentar devolver mas...ah, não se pode. Pois...Mais uma coisa que ninguém me explicou...
Pondo de lado os pretérios exageros, claro que há o reverso da medalha. O que não tem preço e que daqui a 20 anos acredito me faça chorar copiosamente de saudade: a primeira vez que agarrou o dedo do pai enquanto fazia a sua primeira sesta; o ronronar da Pequena Imperatriz quando finalmente adormece esparramada no peito do pai; os sorrisos, ainda que involuntáriamente esboçados; o facto de toda gente dizer sem hesitar que é a cara chapada do pai; a ternura com que sinto saudades dela a meio de uma tarde de trabalho; ser a única pessoa à face da terra a quem reconheço as feições nos meus sonhos...
Como vez Pequena Imperatriz, não desisto! E desconfio que ainda vamos ser grandes amigos...

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Dia D

É um sentimento estranho. Querer e não poder...Homem, o macho, o que tem a força, o que ignora a dor, o que enfrenta as adversidades, o que vai à luta. O mesmo que no trabalho de parto se limita a "ver jogar". É assim uma espécie de fiscal de linha que levanta a bandeirola de vez em quando, só para dizer que está lá. Os compêndios da moderna medicina dizem que o envolvimento emocional do pai na gravidez e no parto é essencial, mas as caras das enfermeiras e das auxiliares na maternidade apenas dizem que estamos lá para carregar as malas e ir comprar umas garrafas de água ao bar. É...frustrante. Mas o que fazer? Processar a mãe natureza?
Quer-se partilhar o fardo. O acesso à sala de partos é uma boa tentativa. Embora notoriamente egoísta. Dizemos que estamos lá para apoiar a nossa meia laranja naquele momento de supremo aperto. Em parte é verdade, mas há também aquela ponta de egoísmo masculino, de aceitar o desafio e do pai poder mostrar a sua masculinidade aguentando firme no meio daquele quase "cenário de guerra". Há os que desertam logo à partida, mas desses não reza à história. Para outros é pior a emenda que o soneto, já que decididamente sangue, suor e vísceras não são uma visão fácil de digerir. Para os restantes, os que sobrevivem, é como se tivessem escalado o Everest, um feito inigualável. Embora seja a mulher a fazer o grosso da tarefa, a fanfarronice masculina descontrola-se: " Ah e tal a minha mulher gritava e berrava enquanto estava para lá a ser cortada e rasgada e mais não sei o quê, mas eu aguentei firme! Assisti a tudo até ao fim e sem desmaiar!" Uau...Ao que nós estamos reduzidos. Enfim, temos que nos contentar com o que nos dão e eu assisti ao parto sim senhor, e aguentei firme! Assisti a tudo até ao fim e sem desmaiar...Ora toma!
Como vês Pequena Imperatriz, estou contigo desde o primeiro segundo e claro, emocionei-me com o teu primeiro grande feito: teres chegado cá fora sã e salva. Estás no bom caminho. Vamos lá ver se o pai tem pedalada para ti...

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Editorial

Ser pai...Só o peso da frase intimida e então quando se o é pela primeira vez, é de fazer tremer os joelhos. Por muito que nos digam, que nos avisem disto e daquilo, que vai ser assim ou assado, nada se compara com a realidade. Para quem já é e pretende ser outra vez, para quem nunca foi mas anda a pensar nisso, para quem nunca pensou nisso mas vai ser, para quem quiser ler, aqui fica o meu relato, a minha experiência de vida sob o reinado da Pequena Imperatriz.