terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Será que me entendes?

Já lá vão dois meses...É verdade. 2 meses desde que a Pequena Imperatriz subiu ao seu trono. Gostaria de poder dizer que o pior já lá vai e que a partir daqui vai ser um mar de rosas. Mas mais uma vez os velhos sábios vão-me dizendo para não ter muitas esperanças. É que acabam umas e começam outras...Preocupações, entenda-se. No entanto e a bem da verdade as coisas de facto estão um pouco melhores. Digamos que o modelo de governo da Pequena Imperatriz evoluiu de uma ditadura militar implacável para uma espécie de despotismo iluminado. Já não é só repressão, também há alguns momentos de acalmia e até pasme-se, de diálogo com a oposição. Se bem que a linha de argumentação da Pequena Imperatriz é simplesmente imbatível. Apesar disso no fim-de-semana tivemos um óptima conversa. Fiz-lhe várias perguntas ao que ela foi respondendo com alguns dos mais ternurentos e rasgados sorrisos que alguma vez tinha visto. Lá está...argumentos imbatíveis. Mas fiquei com a distinta impressão que a Pequena Imperatriz estava de facto a ouvir-me com toda a atenção. Filha, será que já entendes o pai? Será que já me conheces a voz? Será que...? É que já tenho tanta coisa para te dizer...Mal posso esperar pela nossa próxima conversa...

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Bem-vindos ao Ruanda...

Alguma vez teria de ser...Na passada quinta-feira a Pequena Imperatriz visitou pela primeira vez o Hospital Pediátrico de Coimbra. Primeira e última, devo desde já dizer. Confesso que ainda não recuperei do choque. Não do motivo da visita, que esse foi apenas um pequeno susto devidamente empolado pela inexperiência dos progenitores, mas sim com o Hospital em si. Toda a gente sabe que o Pediátrico está longe de funcionar nas condições físicas ideais, mas nada mesmo nada me havia preparado para o que eu iria encontrar. Transposta a porta de entrada, senti-me imediatamente imerso num universo próprio dos piores cenários de um qualquer país de terceiro mundo. Vidros partidos remendados com plásticos e adesívos médicos, salas de espera deficientemente climatizadas e onde crianças saudáveis e crianças doentes convivem misturadas, isto já para não falar da total ausência de controle das portas de acesso aos mais diversos serviços. E isto foi só o começo. O melhor, ou seja o pior, ainda estava para vir. Chegado aos gabinetes de triagem fui confrontado com a seguinte situação: para chegar ao gabinete 2, teria de passar pelo meio do gabinete 1. Mas a coisa ainda fica melhor, ou seja pior. Graças às maravilhosas câmaras fotográficas integradas nos telemóveis vou deixar que as imagens falem por si...

(sim! são canos sabe-se lá do quê completamente expostos e que passam por cima da cabeça de toda a gente!)

(sim! Lá em cima é um vidro partido de uma janela que dá para rua e sim! Cá em baixo é um quadro eléctrico com a chave de acesso pendurada ao lado num sitio onde circulam crianças!!!!!!!)


(Sim! Esta é a tecnología inovadora para deixer o telefone com uma chamada em espera!)

(Sim! Esta é a marquesa onde a Pequena Imperatriz foi observada!)

(Sim! Este é o conceito de arte nas paredes na sala onde a Pequena Imperatriz foi observada!)

(Sim! Aquilo lá ao fundo junto à janela é humidade no tecto. Mas nada de especial, afinal é só uma sala onde as crianças asmáticas fazem máscaras de oxigénio!!!!)

(Sim! Isto é a porta de acesso à sala de espera onde um vidro partido foi devidamente substituido por um plástico e fita adesiva!!!!!!!!!!!)


É verdade que um novo hospital está a ser construído e que tem abertura prevista para o verão de 2010. Mas também todos sabemos que estamos em Portugal e os prazos são apenas meras sugestões. Qualquer inspecção de saúde minimamente séria encerraria de imediato o Hospital Pediátrico de Coimbra, já que neste momento representa mais uma ameaça à saúde pública do que própriamente uma ajúda. E é isso mesmo que deve acontecer. É preciso criar uma solução alternativa de emergência que possa assegurar com um mínimo de dignidade, este período de transição até à abertura do novo hospital.

Uma consideração final: em nenhuma altura esta minha declaração se destina a criticar quem quer que seja do quadro de pessoal do Hospital Pediátrico de Coimbra. Muito pelo contrário. Serve antes para me colocar ao seu lado e também por eles chamar a atenção para aquela que considero ser actualmente, uma das maiores vergonhas nacionais. Para eles vai sim, o meu muito obrigado e a minha mais profunda admiração por conseguirem dia após dia prestar um serviço de assinalável qualidade em condições medievais.