quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Dia D

É um sentimento estranho. Querer e não poder...Homem, o macho, o que tem a força, o que ignora a dor, o que enfrenta as adversidades, o que vai à luta. O mesmo que no trabalho de parto se limita a "ver jogar". É assim uma espécie de fiscal de linha que levanta a bandeirola de vez em quando, só para dizer que está lá. Os compêndios da moderna medicina dizem que o envolvimento emocional do pai na gravidez e no parto é essencial, mas as caras das enfermeiras e das auxiliares na maternidade apenas dizem que estamos lá para carregar as malas e ir comprar umas garrafas de água ao bar. É...frustrante. Mas o que fazer? Processar a mãe natureza?
Quer-se partilhar o fardo. O acesso à sala de partos é uma boa tentativa. Embora notoriamente egoísta. Dizemos que estamos lá para apoiar a nossa meia laranja naquele momento de supremo aperto. Em parte é verdade, mas há também aquela ponta de egoísmo masculino, de aceitar o desafio e do pai poder mostrar a sua masculinidade aguentando firme no meio daquele quase "cenário de guerra". Há os que desertam logo à partida, mas desses não reza à história. Para outros é pior a emenda que o soneto, já que decididamente sangue, suor e vísceras não são uma visão fácil de digerir. Para os restantes, os que sobrevivem, é como se tivessem escalado o Everest, um feito inigualável. Embora seja a mulher a fazer o grosso da tarefa, a fanfarronice masculina descontrola-se: " Ah e tal a minha mulher gritava e berrava enquanto estava para lá a ser cortada e rasgada e mais não sei o quê, mas eu aguentei firme! Assisti a tudo até ao fim e sem desmaiar!" Uau...Ao que nós estamos reduzidos. Enfim, temos que nos contentar com o que nos dão e eu assisti ao parto sim senhor, e aguentei firme! Assisti a tudo até ao fim e sem desmaiar...Ora toma!
Como vês Pequena Imperatriz, estou contigo desde o primeiro segundo e claro, emocionei-me com o teu primeiro grande feito: teres chegado cá fora sã e salva. Estás no bom caminho. Vamos lá ver se o pai tem pedalada para ti...

1 comentário:

  1. Hum... pensando bem, fico-me pelos meus sobrinhos! Assim como assim,já estão feitos e já cá estão fora e estão-se a criar... calhando, vou ponderar melhor essa questão da maternidade. Ainda q num futuro longínquo! :P

    A Faixa de Gaza comparada com uma sala de partos é o paraíso, portanto.... :)))
    Cristo!!!

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