segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Loucas são as noites...

...que passo sem dormir. Eu sei que fui avisado. Nem queiram saber quantas vezes ouvi a frase e sempre saída da boca de pais de família: "Agora é que vão ser noites sem dormir...Agora é que são elas..." Encarei sempre estas "ameaças" com desportivismo e fui-me convencendo que não haveria de ser assim tão mau. Sou um homem batido. Habituado à violência das semanas da Queima das Fitas, Latadas e afins, das maratonas de estudo até às "quinhentas", enfim como poderia ser assim tão mau? Estaria ali juntinho da Pequena Imperatriz. O simples carinho e calor do pai seriam mais do que suficientes para a acalmar. Mas como estava enganado...
Como uma profecia apocalíptica que se concretiza, mal a Pequena Imperatriz se instalou no seu palácio, deu início ao seu reinado de terror. Os primeiros 15 dias foram de autêntica "Bltizkrieg", a famosa guerra relâmpago. Invadir, massacrar, conquistar. Apesar de sermos dois contra uma, as nossas forças eram absolutamente rídiculas para fazer face a um "set" de cordas vocais afinadas para o modo desespero. Foi como se tivéssemos passado a viver com uma sirene do INEM permanentemente encostada aos nossos ouvidos, com a condicionante de não podermos usar um martelo de bola para a calar, caso não conseguissemos perceber onde estava o botão ON/OFF.
Depois há a componente emocional. Sem dúvida a mais intensa. Para pais acabados de pintar de fresco, nada é mais desesperante do que não compreender a razão do choro descontrolado de um filho. Será a fralda? Será fome? Serão as temidas cólicas? Será sono ou simplesmente rabujice? Ou será do défice e da crise financeira internacional???
Sinto os meus neurónios a desfazerem-se lentamente. Dá vontade de fugir, acreditem que dá. Mesmo. Sem exagero, uma das maiores provações que já passei na vida, pelo menos até agora. Recorre-se à internet, voltamos a reler os "manuais de instruções" adquiridos durante a gravidez e tentamos racionalizar de alguma maneira a nossa recém adquirida realidade. Mas é tudo em vão. Aero-OM, Colimil, massagens na barriga, tudo não passam de quimeras e ilusões. A única expressão verdadeira que encontrei e que me fez percorrer um calafrio espinha acima foi: "Caros pais, é aguentar! Em princípio depois dos 3 meses passa"... 3 meses??? Em princípio??? O instinto foi procurar pelo talão de compra e pela garantia para tentar devolver mas...ah, não se pode. Pois...Mais uma coisa que ninguém me explicou...
Pondo de lado os pretérios exageros, claro que há o reverso da medalha. O que não tem preço e que daqui a 20 anos acredito me faça chorar copiosamente de saudade: a primeira vez que agarrou o dedo do pai enquanto fazia a sua primeira sesta; o ronronar da Pequena Imperatriz quando finalmente adormece esparramada no peito do pai; os sorrisos, ainda que involuntáriamente esboçados; o facto de toda gente dizer sem hesitar que é a cara chapada do pai; a ternura com que sinto saudades dela a meio de uma tarde de trabalho; ser a única pessoa à face da terra a quem reconheço as feições nos meus sonhos...
Como vez Pequena Imperatriz, não desisto! E desconfio que ainda vamos ser grandes amigos...

3 comentários:

  1. Bolas!!!!
    Fizeste-me chorar, pá!!!!

    (quanto às cólicas, a minha só aliviava quando a colocava tipo preguiça, em cima da minha mão e de pernas e braços ao pendurão... fica a dica)

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  2. Pois... eu de cólicas e afins, não percebo nada. Mas também me conseguiste 'atar' um nózito na garganta...
    Estou sinceramente emocionada. E solidária com a tua causa das "loucas noites sem dormir". (q eu não tenho crianças em casa, mas tenho uns vizinhos q... upa, upa! Valem por 2 sirenes do INEM!)

    Seja como for... lindas,as tuas palavras! Lindas mesmo! :)

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  3. Sim sr ...!!! :)
    Se a falar já eras bom, a escrever também não te safas nada mal ...
    Quanto aos teus relatos, caro amigo, se não querias, não andasses na "brincadeira". Se querias, fazes muito bem em aproveitar isso tudo.
    Acredito que é como o ano de caloiro. Primeio estranhas e queres mandar tudo pro cara$%&#o, mas depois acaba por ser um dos melhores anos da tua vida... Acredita que quando ela chegar lá a casa com o Tójó, o namorado gótico, que anda de mota e adora Satanás, vais desejar que ela volte a ser assim: pequenina, chorona e que estivesse sempre deitadinha no berço.

    Grande Abraço,
    The Framble

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